segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Jornalismo de violência é bem violento

Primeira pauta para segunda - Checar número de acidentes de trânsitos e ocorrências policiais. Trata-se de algo tão automático, que são muitos os profissionais da imprensa ( repórter e editor) usa apenas os velhos bordões, já chega na delegacia com um pré-texto montado e faz o dever de casa como uma criança do primário, completa só os números e os nomes dos personagens envolvidos, na edição de texto é a mesma coisa.

Somando um e outro, e mais outro, no final do ano uma outra prática também muito utilizada no jornalismo vem se o resultado, na capital já são cerca de 400 mortos. Muitos, o primeiro dado se dá uma manchete, a correria do cotidiano das redações anteriormente não percebeu que os dois jovens noticiados anteriormente eram mais do que 2, lendo outra estatística, trata-se de uma faixa etária predominante, jovens, e uma outra lacuna levantada pelas autoridades militares, envolvimento com o tráfico, as drogas.

Algo é comprovado números são bem mais do que representativos, símbolos quantitativos, representam uma realidade, é verídico que tem crescido cada vez mais, o número de jovens no sistema carcerário, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás, mais de 70% do número total de reeducandos, e as manchetes, as notas, as matérias padronizadas revelam que são os jovens os que mais tem sido vítimas de assassinatos. Trata-se de um assunto que precisa ganhar as páginas dos jornais, os minutos do rádio e da televisão, mais do que uma simples soma de números, mas a contestação que jornalismo é ferramenta social. É necessário livrar-se da cartilha de completar, das contas primárias, do noticioso e principalmente da simples releitura de observações policiais.

Se o tráfico está matando tanto em Goiás, seria bom investigar, denunciar e retratar, para não cair na ladainha do favelado traficante, um dos maiores bordões preconceituosos estimulado pelo jornalismo brasileiro. Que esse não seja o nosso exemplo, porque as drogas ( lícitas e ilícitas) tem tirado a vida de muitos não só no estado, mas em boa parte das cidades da América Latina, sendo preocupação da Organização Mundial de Saúde, mas simplesmente colocar num papel ou numa fala que o jovem assassinado tinha envolvimento com drogas não resolverá a violência, nem muito menos a justificará.