sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Histórias Reais

Júlio César, 15 anos, seu maior erro não era a benzina que experimentou aos 13 anos, nem o baseado que curtia desde o 14, a grande tragédia foi colocar as suas vontades acima de todos os sentimentos, inclusive o amor próprio.


Marcos, 21 anos, a adrenalina poderia ser a droga natural perfeita, mas o dinheiro lhe dava outras emoções, aquelas pedras eram capazes de deixá-lo num êxtase surpreendente, uma viagem formidável. Pior não era acender um químico que lhe ardia a boca, mas era o rumo incerto que levava seus dias.


Juliana, 19 anos, muitos lhe dizia que perdeu sua vida ao ser mãe tão cedo, o bebê lhe trazia muitos encantos, mais do que a tatuagem que tinha com o nome do amor que a abandonou. Ela tinha perdido as esperanças, mas de vez em quando voltava a sonhar, com um vestido branco, algo que no cotidiano trocava por uma roupa vulgar, pior do que se prostituir era ter que vender crack para pagar seu próprio vício, a dependência não era seu maior erro, sim a insensatez de acreditar que tinha o domínio da própria vida quando não controlava nem seus impulsos.


Entre os números que narram o caos urbano, muitos escondem o verdadeiro contexto de uma parcela cada vez maior das vítimas da violência. Jovens, a maioria, homens, porém as mulheres também tem sido presença nas listas policiais, nas manchetes dos jornais em todo o país. Em alguns lugares o fenômeno social da qualidade de vida vem crescendo proporcionalmente junto com os números de roubos, homicídios e outros delitos.

A droga, o tráfico principalmente, tem sido segundo especialistas a principal causa de mortes provocadas, e tem avançado pelo território brasileiro, de acordo com o contexto de cada região. O Sudeste o tráfico movimenta de forma organizada, as mortes são ocasionadas por disputas entre traficantes por chefia nas comunidades, na disputa com as milícias, no confronto direto com os policiais e ações de controle e demonstração de poder entre líderes da atividade ilegal. O Centro – Oeste tem se dividido entre o transporte, tratam-se das principais de rotas de entradas de narcóticos como os subprodutos da cocaína, as mortes estão bem mais no confronto entre gestores do tráfico, em queima de arquivo, dívidas e brigas por controle; porém muitas dessas mortes também estão no confronto com a polícia e em disputas por gerências.

A diferença está na estrutura da organização, a região metropolitana dos estados que compõem a região do Centro Oeste, como o estado de Goiás e o entorno de Brasília, o tráfico está na mão de gerentes, pequenos traficantes, a disputa entre eles existem, mas as mortes segundo os próprios índices estão sendo motivadas por vindas de outros criminosos de demais estados. Bem mais preocupante do que o êxodo criminal, é a vinda de outros tipos de narcóticos para essas localidades, principalmente os subprodutos da cocaína, como o crack e a pasta base.

Assim como cresce o número de apreensões, cresce também o número de vítimas fatais dos acertos de conta e do confronto com a polícia, revelando o dado assustador de jovens que estão no topo da lista de assassinatos. Por trás destes índices, peritos criminais se vêem diante de fatos cada vez mais conflitantes, de um estado que não se vê preparado para conter a marginalidade dos fatos, tanto no tráfico como em crimes que provem deste, como assaltos a mão armada, furtos, entre outros. Profissionais da saúde são outros que se ver cobrados diante a chegada cada vez mais massiva, independente da classe social, de drogas com poder grandioso de dependência química e de destruição orgânica cada vez mais potente.

A análise dos números de fato tem assustado as principais cidades metropolitanas do Brasil, já que a violência é evidente a principal causa de morte em todas as capitais e grandes cidades da América Latina, porém a averiguação de cada nome e história desses dados tem trazido mais comoção à sociedade, muitos jovens ainda.



* Dados: OMS - Global Campaign for Violence Prevention - http://www.who.int/

Índices de Violência (Secretarias de Segurança Pública/ Ministério da Justiça)