domingo, 11 de janeiro de 2009

Uma entrevista especial e exclusiva com Rui Barbosa

Em meio há grandes transformações sociais e políticas que andam surgindo no Brasil, seria muito louvável pedir a opinião sobre os novos rumos dos acordos e da política nacional para um dos maiores literários e políticos que o Brasil já teve, Rui Barbosa. Baiano, nascido em 1849, o escritor morreu em 1923, foi também jurista, jornalista, deputado, senador e por duas vezes candidato a presidência da Republica, um dos maiores defensores do Abolicionismo, do Federalismo, sendo um dos grandes do surgimento da Republica no país, além de trabalhos memoráveis na literatura brasileira, ocupando lugar de destaque na Academia Brasileira de Letras, e na Diplomacia Brasileira mostrou-se um grande nacionalista.




Marcela Aires – Estamos vivendo sim uma grande revolução na língua portuguesa, um novo acordo ortográfico foi aprovado, talvez um grande aparato diplomático que enfim unirá a “Flor de Lácio” em todas as nações, incluindo Portugal. Isso mesmo a língua portuguesa passa por uma nova transformação, agora não apenas motivada pelos bate-papos e manias da Internet ou pelo despreparo e cegueira das instituições de ensino. E o que o senhor acha dessa renovação?


Rui Barbosa - A degeneração de um povo, de uma nação ou raça, começa pelo desvirtuamento da própria língua. O ensino, como a justiça, como a administração, prospera e vive muito mais realmente da verdade e moralidade, com que se pratica, do que das grandes inovações e belas reformas que se lhe consagrem. Uma raça, cujo espírito não defende o seu solo e o seu idioma, entrega a alma ao estrangeiro, antes de ser por ele absorvida


Marcela Aires – Então o senhor acha que todas essas mudanças, sejam negativas ou positivas, que tem ocorrido é conseqüência direta das ações sociais, seria de forma uma revolução? De tão certo isso também comprova a destruturação e o surgimento de ações corruptíveis na política, e o conformismo social diante esses acontecimentos?


Rui Barbosa - De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto. Quem não luta pelos seus direitos não é digno deles.


Marcela Aires – Então o senhor acha que mais do que brigar pela igualdade é necessário um resgate de valores nacionalistas e na política e necessário uma participação popular, mais do que uma crítica desgastante, como anda ocorrendo ? Como a imprensa pode contribuir para este resgate da identidade da política e da língua portuguesa na sociedade ?


Rui Barbosa - A imprensa é a vista da nação. Por ela é que a nação acompanha o que lhe passa ao perto e ao longe, enxerga o que lhe malfazem, devassa o que lhe ocultam e tramam, colhe o que lhe sonegam, ou roubam, percebe onde lhe alvejam, ou nodoam, mede o que lhe cerceiam, ou destroem, vela pelo que lhe interessa, e se acautela do que ameaça. E uma raça, cujo espírito não defende o seu solo e o seu idioma, entrega a alma ao estrangeiro, antes de ser por ele absorvida.


Marcela Aires – O Brasil que já foi marcado por grandes rupturas a dignidade humana como a escravidão que arrastou por séculos, que marca a história por navios negreiros, senzalas, entre outras atrocidades, hoje se destaca por ter nas grandes cidades a violência que atinge principalmente os jovens, e muitas dessas praticadas por instituições que teriam o dever cívico de proteger, até o exercito, órgão utilizado na defesa da soberania nacional, hoje é vinculado para defender o Brasil dos brasileiros. Qual é a sua opinião sobre isso ?


Rui Barbosa - Nenhum povo que se governe, toleraria a substituição da soberania nacional pela soberania da espada. Na paz ou na guerra, portanto, nada coloca o exército acima da nação, nada lhe confere o privilégio de governar. Não se obtém a paz, senão aparelhando a paz. Si vis pacem, para pacem. Há tantos burros mandando em homens de inteligência, que, às vezes, fico pensando que a burrice é uma ciência. Se os fracos não tem a força das armas, que se armem com a força do seu direito, com a afirmação do seu direito, entregando-se por ele a todos os sacrifícios necessários para que o mundo não lhes desconheça o caráter de entidades dignas de existência na comunhão internacional.





Observação: Um pouco de muuitas frases realmente proferidas por Rui Barbosa